Para obter um bom trabalho é essencial esta primeira analise onde é necessário recolher e entender todo o funcionamento da adega através dos diversos factores intervenientes.
O que é?
Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa, situada na Avenida Senhora da Veiga, 19 foi constituída em 1957.
O que faz?
A sua principal função é a criação e venda de um grande leque de produtos genuínos e de grande qualidade capazes de garantir o que de bom se faz em Foz Côa.
Qual a sua história?
“Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”. Assim escreveu Fernando Pessoa numa mensagem encorajadora para a natureza humana das coisas que se inspiram no divino e naquilo que a natureza oferece de melhor, mesmo que conseguido com esforço, suor e esperança.
Decorria o ano 1997 quando o presidente da Direcção da Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa, que na altura era o Dr. Abílio José Constantino Pereira, teve a ideia, de tentar uma experiência única de envelhecimento de vinhos de mesa que fugisse a todas as formas tradicionais até então conhecidas.
Vila Nova d Foz Côa e o Vale do Côa tinham ultrapassado as fronteiras físicas que limitavam este rincão do Alto Douro e afirmaram-se em todo o mundo como Pátria da Arte Rupestre Paleolítica ao ar livre, circundada por montes e penhascos abruptos que o Homem moldou e conquistou para a cultura, a arte e a sua sobrevivência.
As figuras gravadas no xisto amarelo-ocre das canadas e das margens que bordejam o rio Côa depressa de tornaram símbolo da terra e das gentes. Foi como se os Deuses, adormecidos durante milénios, recobrassem de novo a sua divindade e espraiassem as suas vontades, despertando o espírito.
A terra barrenta e xistosa foi o corpo de mulher, visitada de roupagens feitas vinhedos em socalcos como se pregas de saia fossem, que ao longo das gerações os olhos, o corpo e o espírito dos humanos.
Os Deuses adoptaram o vinho dessas uvas acarinhadas com suor, esforço e o amor, como o seu sangue e chamaram à terra de “Vale Sagrado”.
O presidente na altura da Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa talvez tivesse sido “tocado” por um qualquer oráculo que lhe fermentou a ideia de enriquecer esse vinho de forma singular: porque não devolver à bênção dos Deuses aquilo que eles próprios criaram?
Nada melhor que aproveitar as águas do Rio Côa.
A tarefa afigurava-se a difícil porque, levar a cabo uma experiência destas levantava, naturalmente, algumas dúvidas. Assim, foi encomendado um estudo de viabilidade elaborado por cientistas da Universidade de Coimbra e realizado no instituto Pedro Nunes, nomeadamente em termos de vidro usado, rolhas e condições subaquáticas.
Apesar de o resultado desse estudo tivesse sido encorajador, era mesmo assim um risco que merecia se corrido, não só pelo acto empresarial inovador, mas ainda pela simbologia entre Rio e as gravuras rupestres do Vale do Côa situadas a poucos metros a montante do local onde as garrafas seriam submersas.
O vinho escolhido foi um VQPRD tinto de 1997, resultante da vinificação das castas nobres da região Demarcada do Douro, 40% de tinta roziz, 30% de touriga francesa e 305 de touriga nacional, seguindo com rigidez todos os processos tecnológicos capazes de garantir um produto genuíno e de grande qualidade.
Concluídos todos os estudos prévios e, analisados os prós e os contras, em 2 de Setembro de 1999, a Adega Cooperativa de Vila de Nova de Foz Côa, lançou no Rio Côa as primeiras 5.000 garrafas, depositadas a 30 metros de profundidade onde se julgaria estarem reunidas todas as condições técnicas para o envelhecimento, com ausência de luz, ar e uma temperatura constante.
O local não tem correntes por ser encontro do Côa com o Douro aqui sob influência da albufeira provocada pela barragem do Pocinho, com grande sedimentação calculado num metro de lodo.
Este lote foi introduzido no Rio com o auxílio de mergulhadores da Escola “Barbatana Actividades bubaquatica” de Matosinhos, antecedendo uma operação idêntica em maior escala, com a submersão de mais 100.000 garrafas, que viria realizar-se cerca de dois meses depois Novembro de 1999.
As garrafas foram acondicionadas em embalagens de 500 unidades cada, concebidas em aço inoxidável fabricado em Longroiva Meda e de acordo com as regras definidas pelo estudo prévio realizado.
Passaram entretanto perto de dois anos após a submersão das garrafas. Tinha chegado a hora da recolha e ver finalmente ate que ponto esta inédita experiência tinha dado os seus frutos. Foi definido o dia para a recolha das profundezas do Rio Côa de parte das garrafas. A expectativa era muita e o interesse despertado localmente, no país e mesmo no estrangeiro era grande.
Uma operação logística, organizada com todo o rigor que se impunha, para que nada falhasse foi delineada e instalada.
Eram 11 horas e 30 minutos de 29 de Abril de 2001 quanto o primeiro contentor de 500 garrafas de vinho “assumiu” do leito do rio que sua “nobre residência”, retirado por uma potente grua com cerca de 30 metros colocada no tabuleiro da ponte do Côa.
A difícil operação teve a preciosa ajuda dos mergulhadores da Escola “Barbatana Actividades Subaquáticas” de Matosinhos, dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Foz Côa e dos funcionários da Adega Cooperativa de Vila Nova de Foz Côa.
A “cerimónia” da retirada do vinho do leito do Côa foi preparada numa das margens em ambiente de festa. Numa tenda montada especificamente para o efeito, diversas personalidades locais e nacionais ligadas não só ao ramo da vitivinicultura, mas também do ramo empresarial, da politica, das artes e da cultura, esperaram pacientemente a chegada das primeiras garrafas, ao som festivo de uma banda de música.
Aqui, Fernando Azevedo, enólogo e responsável técnico pela operação de envelhecimento, abriu e diga-se que com certo nervosismo e cerimonial que a circunstancia requeriam as primeiras garrafas e foi estabelecido um primeiro contacto com este vinho que se revelou um verdadeiro “elixir”.
Estávamos perante um vinho “jovem” mas com todas as características de um vinho envelhecimento sem oxidação, por redução com ausência de luz e ar, encorpado, de cor granada e com a agressividade característica dos vinhos excelentes portador de uma vinosidade pronunciada.
Só por si, este vinho já era alvo das maiores atenções dos Enólogos e Enófilos. Contudo, ao proceder-se ao seu envelhecimento utilizando o local místico outrora marcado pelo Homem Pré- Histórico com a arte paleolítica, conferiu-lhe umas características organolépticas únicas e sem paralelo, capazes de tornar este vinho num dos mais afamados VQPRD de todo o mundo.
Também a aparência das garrafas em si, tisnadas de lodo castanho/amarelo compuseram o ambiente de festa.
“VALE SAGRADO”
Que melhor nome podia ser dado a um vinho que “nasceu” nas encostas do vale do Rio mais afamado de Portugal RIO DOURO e “cresceu” no vale por onde corre um dos seus principais afluente O CÔA?
Este vinho ímpar, de características singulares e incomparáveis, merecia ser assim baptizado em honra da natureza e dos Deuses que o casaram com o Homem do passado e do presente, a arte do Paleolítico de antanho e a inovação criativa dos tempos de hoje.
VALE SAGRADO. Uma homenagem à herança Histórica das pessoas do Alto Douro e Portugal.
segunda-feira, 9 de março de 2009
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Olá, sabes, não faças apenas a ANÁLISE DA ADEGA COOPERATIVA DE VILA NOVA DE FOZ CÔA, faz também a análise ao vinhinho e trás umas pomadinhas para festejar no fim :) Bom trabalho!
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